Inteligência Emocional e Família
Felizmente, o conceito de inteligência emocional começa a fazer parte do nosso dia-a-dia, fomentando e estimulando a percepção de competências pessoais, sociais e profissionais. Do ponto de vista sistémico, não podemos deixar de pensar na inteligência emocional no seio familiar.
De forma abreviada e pragmática podemos dizer que inteligência emocional é a percepção, uso e controlo das emoções de forma consciente. A simplicidade da definição não pode ser redutora da sua importância, por isso elaboremos: Sentir e Pensar são dois processos que estão associados, as emoções são fundamentais para tomar decisões inteligentes portanto cabe-nos promover emoções inteligentes. A promoção de emoções inteligentes pode ser treinada, compreendendo que a inteligência emocional é um conjunto de 5 competências fundamentais: Conhecimento das próprias emoções; Capacidade de controlar as emoções; Capacidade de auto-motivação; Reconhecimento das emoções alheias e Capacidade de controlo das relações.
Esta capacidade individual, que passa obrigatoriamente pelo universo relacional, deve ser potenciada como uma capacidade colectiva no contexto familiar, de forma a desenvolver a alfabetização emocional do sistema. O controlo e conhecimento das emoções permite-nos enfrentar situações difíceis e complexas como o risco, o conflito interno, as perdas, as frustrações, isto é, as crises. E se há sistema que passa por várias crises ao longo do seu percurso é a família, com todas as mudanças que lhe são impostas. O crescimento e evolução do sistema e a capacidade de transformar essas crises em oportunidades passa, indiscutivelmente, pela capacidade emocional de as gerir.
Assim, é imperativo que no seio familiar se criem boas práticas, novas normas que passem pela partilha, a discussão e reconhecimento de emoções abertamente, de forma individual e colectiva. Devemos reconhecer que junto da rede de suporte é o local ideal para o treino das emoções seja do seu reconhecimento, controlo, reacção e ajuste. Neste sentido proponho cinco estratégias para treinar a inteligência emocional no seu seio familiar:
- Promover a partilha de sentimentos/ emoções com os restantes elementos, de forma ajustada e adequada. (P.E. – Como correu o teu dia? / Como te sentes? /O que fizeste e como isso te fez sentir?).
- Dar o Exemplo – saber/ ensinar a exprimir-se emocionalmente (P.E. Hoje o meu dia correu… / Hoje sinto-me… / Hoje fiz … o que me deixou….)
- Promover a tomada de decisão (P.E. Que devemos fazer em família?/ Destas três opções de atividade, escolhe uma? /Gostava de ter a tua opinião sobre…?)
- Potenciar a empatia (P.E. Como achas que me sinto quando…? /Se fosses tu no meu lugar como farias? / O que achas que deva fazer nesta situação?)
- Adequar sentimentos/emoções ao momento (tempo) e não defini-los como estado constante e imutável (P.E. Hoje sinto-me…. Porque…. / Ontem estava…. Mas agora sinto-me…/ Compreendo que hoje te sintas… amanhã é outro dia.)
Evidentemente que cada família é singular e que este tipo de competências se manifesta de forma diferente e em tempos diferentes em todas as pessoas, porém é importante que se pense na inteligência familiar como uma forma de melhorar, estimular, empoderar as relações entre os que nos são mais queridos. São pequenos passos que fazem grandes mudanças e que mais que isso nos ajudam a gerir grandes mudanças.
Artigo de Opinião de Vânia Conde (Terapeuta Familiar e de Casal na Arborea)
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